BRINCAR É COISA SERIA!

Todos nós sabemos que uma criança saudável é uma criança que se diverte, que se ocupa com qualquer coisa e explora tudo o que estiver a seu alcance.

Dentro da brincadeira, os pequenos podem matar, morrer, ser o pior inimigo, encarar os maiores dilemas morais e depois sentar junto com o amigo para tomar o lanche.

E, é nesse sentido, que o brincar é sério porque ele permite que a criança faça articulações significativas diante dos acontecimentos de sua vida, ou seja, a criança aprende, elabora, relaciona-se com os que a cercam, conhece o ambiente ao seu redor, etc.

O jogo e a interação que acontecem no brincar estão diretamente relacionados ao aprendizado da linguagem, e não só no sentido de “falar”, mas levando em consideração também o valor dos gestos e dos comportamentos.

Alguns verbos só ganham sentido por meio de jogos, como é o caso dos verbos: ser, existir, inventar, pegar, oferecer, amar, odiar, viver, morrer. Só é possível que as crianças experimentem esses verbos através das experiências lúdicas de fracasso ou de domínio, por si mesma, das coisas e dos seres vivos. Todos esses verbos – e sem dúvida muitos outros – continuariam, para o ser humano, sendo abstrações mentais e imagens sensoriais, se antes não pudéssemos ter tido a oportunidade de brincar com eles, em algum momento de nossa história. Ou seja, é através do brincar, que as crianças descobrem modos diferentes de linguagem e novas dificuldades para superar.

Nesse sentido, podemos dizer que brincar com a criança é uma maneira de ajudá-la a se conhecer, a se comunicar com aqueles que estão à sua volta e a se enriquecer como pessoa.

O brincar não é apenas uma distração recreativa. Quando uma criança brinca, ela tem a possibilidade de transformar-se emocionalmente, além de (re) construir e fortalecer aquisições específicas como à fala, a motricidade, a construção do pensamento e os hábitos sociais.

Privar uma criança de brincar significa privá-la do prazer de viver.

Flávia Cardoso,

Fonoaudióloga, mestre e especialista em linguagem pela PUC/SP.

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6 de maio de 2015