O QUE FAZER QUANDO AS CRIANÇAS APRESENTAM UMA FALA INFANTILIZADA?

Já reparou que ao colocarmos um limite nas crianças com um “NÃO”, algumas delas não choram, mas começam a reproduzir uma fala mais dengosa, a voz fica bem fraquinha e quase não sai? Geralmente, quando querem alguma coisa, essa voz mais infantilizada também pode aparecer.

Essa é uma reação natural à uma frustração vivida e a sensação de que perderam algo muito valioso, faz com que as crianças utilizem um mecanismo de defesa chamado de barganha. Inconscientemente, tentam fazer algum tipo de acordo para que as coisas possam voltar a ser como no momento anterior. Tentam negociar com a emoção ou com quem achar ser o culpado de sua perda. Promessas e novos combinados são comuns durante esse processo.

Como resposta, nós, os adultos, queremos corrigir e pedimos para a criança falar direito e ao fazermos isso, a fala vai ficando ainda mais mole, a gente chama a atenção de novo para a atitude inadequada, a criança prometendo fazer algo que desejamos, se deixarmos ela fazer algo que deseja, vamos ficando mais irritados e o choro pode aparecer. Isso nos leva para um lugar que nós não sabemos o que está acontecendo e nem elas sabem o porque estão chorando, só percebemos que virou um grande momento de desconforto para todo mundo. Essa pode ser uma grande armadilha que pode nos deixar presos a esse ciclo da barganha a cada nova frustação que a criança viver.

Nosso desafio é ao invés de brigar, ajudá-las a se comunicar com uma voz mais firme, mostrar para as crianças que falando desse jeito não entendemos.

Podemos tirá-las desse movimento de barganha, de voz com pouca energia de uma forma leve, divertida e sem usar a bronca. Por exemplo, dizendo: “Uau, esse radio está chiando, acho que saiu do ar, tinha uma menina de 6 anos falando, agora não consigo mais ouvi-la. Vamos mudar de estação (tocando suavemente o nariz dela, como quem aperta um botão) para ver se a menina de 6 anos volta a falar.”

Por mais que você tenha que manter o “NÃO” que oferece o limite necessário para a criança, é importante ensinar a falar com a voz correspondente à idade que ela tem.

Nesse aspecto vale prestar atenção a maneira como nos comunicamos com as crianças. Sem perceber, muitas vezes, também falamos errado ou com uma voz bem fininha e infantilizada, como o “Ai, ti bunitinhu!” e quando essa postura vem das crianças, queremos corrigir. Ao agirmos assim, também impedimos que a criança desenvolva adequadamente sua forma de se comunicar e ter atitudes coerentes com a idade dela. Então, vamos ajustar a nossa comunicação, para adequar a das crianças e assim todos se tratam com o respeito que cada idade merece.

Com amor,

Ana Flávia Fernandes

24 de maio de 2017
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