PARCERIA: ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO E AS CRIANÇAS

Muitos pais me questionam sobre a interferência do animal de estimação no desenvolvimento dos filhos. Adotar ou comprar um animalzinho é uma atitude linda e que gera muito aprendizado, não só para a criança, mas para a família como um todo e também para o próprio animal.

Eu adoro animais, principalmente gatos e cachorros. Durante a minha vida na casa dos meus pais, sempre tivemos um bichinho como parte da família.

Esse é um dos principais pontos a serem pensados antes de tomar a atitude de ter um animal: a família gosta daquele tipo de animal e está disposta a ajudar nos cuidados com ele?

A não ser que os filhos sejam adolescentes, é ilusão acreditarmos que uma criança consiga assumir sozinha todos os cuidados e obrigações com o animal. Limpar o ambiente que ele fica, colocar comida e água, passear e dar banho são cuidados que a criança pode desempenhar acompanhada por um adulto.

As crianças tem uma anteninha intuitiva funcionando a todo vapor. Então quando perceberem que o bichinho tem sentimentos humanos, como a raiva, vão querer checar esta resposta e agir de acordo com sua intuição. É natural que algumas delas tentem acalmá-lo, consolá-lo e alegrá-lo, outras se afastam e ficam no medo. Nosso desafio é validar a intuição das crianças de que estejam fazendo o melhor para que o animal fique feliz e seja bem tratado. Essa nossa postura, ao longo do tempo, faz com que as crianças passem a construir uma relação com elas mesmas de segurança, em que podem confiar naquilo que estão intuindo e sentem sobre o animalzinho. Aos poucos isso se transforma em uma relação em que a empatia se torna cada vez mais comum, aprendendo com o bichinho muito sobre dar e receber carinho, respeito, responsabilidade e atenção.

As crianças mais impacientes e intolerantes também aprendem muito quando o animal não entende e nem faz tudo como a criança deseja e espera. Nesses casos em que a frustração e a raiva podem ser sinalizadas pelos pequenos, nossa presença é ainda mais fundamental para evitar que a criança desconte no animal suas emoções de forma desrespeitosa.

Por mais que o bichinho seja amado e considerado parte da família, vale lembrar que se trata de um animal irracional e, por essa razão, pode ter comportamentos agressivos para se defender.

Os cachorros, em especial, são animais que podem ensinar verdadeiras lições de amor, companheirismo, proteção e lealdade. As crianças sentem e vivem isso com o bichinho. Ao percebemos essa interação, é importante nomearmos estes valores aos pequenos, conversando e refletindo juntos sobre essas atitudes tão importantes para as nossas relações.

Quando compramos ou adotamos um animal de estimação, apenas para satisfazer a vontade do filho, sem assumir isso como mais um projeto de vida, em que devemos ter cuidados especiais, podemos criar situações desfavoráveis tanto para o desenvolvimento da criança quanto do bichinho.

Muitas vezes os animais são vistos como brinquedos descartáveis, são tratados com desrespeito e em muitos casos são abandonados. Mesmo que não chegue ao abandono, quando o animal é deixado de lado, como se não fosse importante receber além dos seus cuidados básicos, estamos ensinando uma lição de descaso, falta de carinho e compaixão. Em casos extremos nos deparamos com animais sendo maltratados. Nessas situações, fica evidente um grande ensinamento de covardia e violência que não se deve dar aos pequenos.

Com raiva, agressão e violência corrigir uma situação fica ainda mais difícil e o resultado disso, normalmente, é uma catástrofe. Será cuidando de como falamos e conduzimos as coisas que teremos um resultado melhor, só assim teremos as crianças e os animais como parceiros da vida.

Com amor,

Ana Flávia Fernandes

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