SONO TRANQUILO É SINAL DE CRIANÇA INDEPENDENTE

Constantemente recebo queixa de pais sobre a qualidade do sono dos filhos. O que pode estar oculto neste descontentamento é uma dificuldade dos adultos em respeitar a vontade da criança em dormir.

A culpa aparece como vilã na maioria dos casos. Por medo de ser negligente com a vida de outra pessoa, os adultos fazem com que o sono da criança seja prejudicado.

Há casos em que os pais passam o dia distante dos filhos e quando estão perto, acreditam na obrigação de saciar um aparente sofrimento da criança no primeiro gemido.

Durante o sono é normal a criança se mexer, falar e abrir os olhos. É comum também que os bebês acordem durante seus ciclos de sono, que duram por volta de 2 horas. É normal que chorem um pouco quando estão começando a aprender a conectar esses ciclos. Se não estiver sofrendo e ninguém pegá-la, em poucos minutos, volta a dormir. Se os pais automaticamente interpretam esse choro como fome ou sinal de desconforto e pegam o bebê, ele terá mais dificuldade em dar continuidade aos ciclos de sono sozinho. Ou seja, ele precisará de uma pessoa para acalmá-lo até voltar a dormir ao fim de cada ciclo de sono. Os recém nascidos normalmente não conseguem passar de um ciclo de sono a outro sozinho. Mas, a partir dos 2 ou 3 meses, costumam conseguir se tiverem a chance de aprender. Então, se o bebê conseguir voltar a dormir sozinho ao menos uma vez, terá mais facilidade de repetir na próxima.

O ideal para identificar se é realmente um sofrimento, é observá-la a distância, aguardar a criança acordar e se ela continuar chorando, ajudá-la com sua necessidade de se alimentar, ser trocada ou de contato físico para acalmá-la. A parte essencial para fazer a criança dormir a noite toda, em qualquer idade, é acreditar que ela vai conseguir, que ela é capaz de aprender coisas como, por exemplo, dormir e lidar com pequenas frustrações.

Conversas com a criança, explicando como nos sentimos cansados e o quanto esse acordar durante a noite prejudica o sono de todos, ajuda a dar o contorno que esse processo exige. Descartada as hipóteses de necessidade fisiológica (trocar fralda ou ir ao banheiro), combinem que você está perto do quarto dela e que vai levantar para acalma-la apenas uma vez, mas não a noite toda. Essa conversa é essencial para certifica-la que você está com ela, dar a segurança que ela precisa para se acalmar, tudo isso com muito amor e palavras carinhosas. Cumpra com o combinado e mantenha-o com a constância, coerência e conseqüência que todo esse processo envolve.

Em muitos casos, a criança é tratada como um brinquedo que os adultos ligam quando tem vontade e desligam quando se cansam dele. É chegar uma visita para interromper o sono do pequeno e passá-lo de mão em mão. Quando a criança começa a chorar pode estar denunciando o desrespeito com a interrupção de seu sono. É mais feliz e independente a criança que dorme bem por que não sofre com a irritação do sono. Quando o sono vem, ela pode estar em um lugar com muito barulho e mesmo assim, se entrega ao sono. Para isso acontecer precisa aprender a dormir sozinha.

Alguns estudos revelam que crianças que não dormem o suficiente ou que tem o sono interrompido constantemente podem se mostrar mais inseguras, sofrer de irritabilidade, agressividade, hiperatividade, pouco controle de impulsos, dificuldade de aprender e se lembrar de coisas. Suas funções metabólicas e imunológicas ficam enfraquecidas, diminuindo sua qualidade de vida. Quando a criança dorme mal, isso afeta o funcionamento geral da família, porque os pais também acabam dormindo menos e com pouca qualidade, causando estresse e alguns conflitos entre eles.

Cantar, embalar, dar tapinhas, fazer cafuné ou simplesmente ficar ali esperando ela cair no sono, mostra a criança que ela depende de outra pessoa para dormir. Todas estas atitudes são agrados muito positivos para o ego da criança e do adulto, no entanto, se feitos constantemente e de forma incoerente podem prejudicar a independência de ambos.

Com amor,

Ana Flávia Fernandes

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