CRIANÇAS E A TECNOLOGIA

Hoje a tecnologia nos oferece diversas possibilidades de comunicação com o mundo através dos jogos, redes sociais e aplicativos. Passamos muito tempo conectados, buscando informações, nos encontrando, reencontrando e criando relacionamentos. Uma realidade que gera diversos estímulos, globaliza rapidamente, mas que transcende fronteiras entre o saudável e o patológico. Nesse sentindo é importante cuidarmos para que as crianças tenham sua saúde preservada nessa grande rede de conexões que todos nós adoramos participar.

Estamos a todo instante cuidando para garantir a segurança das crianças dentro de casa, na escola, no shopping e no parque. Assim como orientamos em olhar para os dois lados antes de atravessar a rua, nosso desafio é o de lembrar que na tela do computador, tablet ou celular há o mundo todo disponível para ser acessado. Uma infinidade de coisas boas, ruins, adequadas, inadequadas, com pessoas bem intencionadas e com pessoas maldosas.

É muito gostoso ver as crianças se divertindo com os jogos eletrônicos. Isso faz parte da infância atual e ajuda a desenvolver a inteligência, a coordenação motora, o entendimento de seqüência e a experiência da perseverança para atingir o objetivo do jogo. Porém, o acesso que as crianças tem hoje vai tomando conta do dia a dia, tirando o espaço de outras atividades importantes e passa a ser só o que elas querem fazer. Então, é essencial que a gente respeite algumas regrinhas quando as crianças solicitarem a entrada na internet, em joguinhos eletrônicos, aplicativos e redes sociais.

A primeira delas é a recomendação de idade. Todas as formas de entretenimento passam por uma análise criteriosa que define a idade aconselhada. Isso significa que é a partir desta idade que a criança consegue entender todo aquele conteúdo. Se desrespeitamos esta indicação e permitimos que a criança acesse o conteúdo para pessoas mais velhas antes da hora, ela passa por um grande esforço psíquico para digerir, compreender e viver aquela situação. Interrompemos seu ciclo de crescimento gradativo e adequado a sua capacidade de compreensão. É como se esticássemos o elástico da idade da criança, gerando maior dificuldade de inseri-la novamente em vivências para a idade dela.

A segunda coisa a ser respeitada é a construção de uma rotina para que a criança tenha essa atividade de entretenimento, mas que todas as outras já tenham acontecido. Ela já teve sua hora de estudo, fez a tarefa da escola, auxiliou nas atividades domésticas, se alimentou, escovou os dentes, brincou, pulou, jogou e fez esporte. É importante que o entretenimento não venha antes dessas atividades diárias, porque a criança tende a se acomodar cada vez mais e vai ficando cada vez mais no mundo virtual e tecnológico e se distanciando do mundo infantil, tão gostoso para ser aproveitado.

A terceira é estipular um tempo para esse entretenimento virtual acontecer, por exemplo, 1 hora diária. Isso ajuda a criar hábitos saudáveis para desempenhar tudo aquilo que é importante durante o dia. Evita o vício, transtornos de ansiedade, interferências na qualidade do sono, da alimentação, a queda no rendimento escolar, comportamentos antissociais, dificuldades de comunicação afetiva com os pais, depressão e suicídio.

Observe como está a sua relação com o celular, tablet, computador e toda essa tecnologia que muito nos ajuda, mas que muitas vezes estamos conectados 24 horas por dia e isso não nos faz bem e para as crianças também não. Conseguir navegar entre o mundo virtual e o real também é um grande desafio para nós adultos.

Podemos ver nesses instrumentos, mais um lugar de aprendizado como tantos outros. O equilíbrio pode ser mantido e podemos curtir todos os seus benefícios, sem deixar de lado a presença física e a interação com as crianças. A transmissão de valores morais e emocionais, a curiosidade em saber mais sobre elas, explorar temas desconhecidos, a conversa olho no olho, a brincadeira corpo a corpo e o quanto podemos impedir que desapareça todo esse aprendizado e crescimento gradual em troca de algumas facilidades que a tecnologia nos proporciona.

Com amor,

Ana Flávia Fernandes

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