DE ONDE VEM A AGRESSIVIDADE INFANTIL?

É comum ouvirmos pessoas dizendo que os programas de TV e games ensinam a violência e por isso seja melhor que crianças não tenham acesso a esses conteúdos.

Assim como outros aspectos que nos causam algum estranhamento, a violência também pode nos dar uma nova consciência de quem somos e o cenário em que todos nós estamos, mas que de alguma forma ignoramos.

As crianças menores de 4 anos, geralmente, não desenvolveram a capacidade de eleger critérios para saber quais são os comportamentos aceitáveis ou inaceitáveis socialmente. Portanto, podem imitar aquilo que assistem. As mais velhas, quando saudáveis, já sabem diferenciar a realidade da TV e dos jogos com as regras do seu mundo familiar, escolar e social.

A agressividade é uma realidade que oculta muito das nossas ansiedades, medos, frustrações e culpas. Isso acontece por que nossa cabeça tenta adaptar e diminuir os impactos dos nossos desejos e sentimentos inaceitáveis para que eles se expressem de maneira menos desastrosa. Essa tentativa vai criando mecanismos de defesa, como a agressividade, para minimizar o efeito doloroso que se passa na nossa cabeça.

Criamos a agressividade quando ignoramos pequenas gentilezas que deixamos de fazer com as pessoas que nos relacionamos. Quando se trata de família, somos ainda mais cruéis.

Sem perceber, são durante os momentos comuns em família que revelamos nossas piores características de personalidade aos nossos entes queridos. Na tentativa de proteger nossas dores, evitamos o afeto e as crianças passam a reproduzir da forma como a capacidade de sua mente permite entender a mensagem que enviamos.

A criança que morde e o adulto acha graça, reforça que a agressividade pode ser reproduzida outras vezes por achar que é engraçado a agressão. Devemos mostrar como é que se faz para agradar o outro, ensinando a criança a tocar alguém e revelar carinhosamente sua intenção.

Ao invés de impedir o contato aos conteúdos agressivos, podemos ensinar aquilo que é adequado à ser feito, interagindo com ela, comentando algumas cenas e perguntando o que ela acha. Juntos construir um encontro onde o amor seja praticado com tanta naturalidade que deixe a agressividade sem forças para se manifestar inadequadamente.

Nosso papel nessa jornada da educação é ir além da superficialidade em que ensinamos nossos filhos a viverem nesse mundo, a considerar o outro, saber se relacionar com as pessoas, a lidar com suas emoções e trocar experiências afetivas. Podemos avançar para o aprendizado de relações mais profundas em que temos a consciência plena das motivações para cada atitude que temos, seja ela de raiva ou amor.

Quanto menos rígida e bruta for nossa mente, menos será necessário a utilização de recursos que nos cegam de uma realidade interna ou externa difícil.

É no encontro com nossos sentimentos mais íntimos que temos as respostas para sairmos da agressividade e conseguirmos seguir em frente.

Quando você ou seu filho estiver agressivo ou raivoso faça com ele esse simples exercício:

Procure um lugar tranqüilo para que possam se acomodar de maneira mais relaxada possível.

Se quiserem, fechem os olhos para se desligar das distrações externas e fiquem em silêncio apenas observando cada reação do corpo, a respiração, o sangue correndo pelas veias e os batimentos do coração.

Após alguns minutos, comecem a lembrar momentos de felicidade, amor e afeto. Deixem que o corpo todo seja tomado por essas sensações, dos pés a cabeça.

Quando tudo estiver dominado por sensações agradáveis, lentamente, faça os movimentos que o corpo estiver pedindo. Volte sua atenção para o momento em que estão vivendo de grandiosidade e calmamente vá abrindo os olhos.

Agora estão conectados à suas características mais genuínas e prontos para continuar o dia.

Com amor,

Ana Flávia Fernandes

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