ENSINANDO CRIANÇA A FAZER ESCOLHA

Muito envolvidos com o trabalho e a rotina de obrigações diárias, mães e pais as vezes se perdem com alguns aspectos educativos. Ensinar o processo de escolha é um deles. Este ensinamento acontece no dia a dia e dentro da educação dos pequenos.

Em sua manifestação de amor intenso, algumas mães se dispõem a arrumar os brinquedos dos filhos pela “milésima e ultima vez”. Esperam dos pequenos que, ao vê-las arrumando, aprendam a arrumar. A mãe dessa criança que não arruma seus brinquedos pode querer usar outra técnica: “Não vou ligar para essa bagunça. Vou fazer de conta que não vejo estes brinquedos espalhados pela casa.” E os brinquedos continuam espalhados, por que a criança também não os enxerga. Comumente, as mães não conseguem manter a nova postura por muito tempo. O seu “não ligar” dura até o dia que receber uma visita ou fizer uma festa em casa. Seja qual for o motivo, ela se põe a arrumar os brinquedos furiosamente, como um leão raivoso.

O que a criança aprende com isso? Aprende que sua mãe arruma os brinquedos para ela e que se tolerar a bagunça mais do que a mãe, um dia ela acaba arrumando os brinquedos dela.

Na maioria das vezes, situações como essas entram num clima pesado do “faz isso, agora faz aquilo”, o que acaba se transformando em grandes conflitos entre pais e filhos. Esse é um embate cansativo e que faz com que os pais percam muito tempo e esgotem toda sua energia no encontro com os filhos. Podemos fornecer aos pequenos a base para fazerem suas escolhas, quando deixamos que eles pensem, escolham e vivam as conseqüências do que escolheram.

Para deixar essa rotina mais leve e tranqüila podemos oferecer duas opções que as crianças possam praticar. Por exemplo:

Você já falou várias vezes para o seu filho arrumar os brinquedos e ele continua no sofá, assistindo TV. Evite o embate e questione o que ele escolhe viver: “você prefere que eu te ajude a arrumar os brinquedos agora, depois que a gente arrumar, brinca mais um pouquinho com um deles antes de guardá-lo OU você prefere continuar enrolando mais um pouquinho na frente da TV, curtindo sua preguiça, depois arrumar todos esses brinquedos sozinho e não ter tempo de brincar, afinal terá que ir dormir?”

Ele vai te olhar com o olhinho arregalado, como quem diz: “O que ela está dizendo?”. Seja firme e diga: “Isso mesmo, escolha qual dos dois caminhos você prefere.” E o que ele escolher, dentre as opções que você ofereceu, deixe ele viver. Pode ser que a criança escolha ficar assistindo TV e tudo bem, por que você deu essa escolha também.

Geralmente, quando chega a hora de dormir as crianças querem ficar “só mais um pouquinho” assistindo TV. Neste momento vale a palavra e a força do combinado. “Hoje você escolheu fazer desta maneira, então vamos viver o que combinamos. Amanhã faça diferente, escolha de outra forma e o resultado será outro. Agora vá arrumar seus brinquedos e depois vamos dormir.”

A criança que recebe essa nossa ajuda para pensar que atitude ela pode ter e quais as possibilidades de resultado terá, começa a viver a percepção de todos os caminhos que pode percorrer e suas possíveis conseqüências, antes mesmo de vivê-los. Esse é o aprendizado mais rico do processo de escolha, por que ela não vive só a conseqüência de algo que já aconteceu, mas também possibilita a escolha de um caminho, por que ela quer determinado resultado.

Muitas vezes confundimos o você prefere isso OU prefere aquilo, com o SE você fizer isso, acontece aquilo. “Se você não arrumar agora os brinquedos, nunca mais vou brincar com você.” A diferença é que ao dizemos esta frase, a criança se sente pressionada, frágil e não consegue responder livremente a uma escolha, por que de alguma maneira está acuada. Até pode fazer o que pedimos, mas com raiva, afinal não tem outra opção. Há uma ameaça embutida e prendemos a criança pelo medo, o que pode gerar um distanciamento.

Experimente oferecer ao menos duas opções com a ação e sua conseqüência e se surpreenda com a capacidade das crianças em refletir e fazer boas escolhas. Cumpra os combinados, os conflitos desaparecem e as rotinas ficam mais tranqüilas e feliz.

Com amor,

Ana Flávia Fernandes

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