O QUE UMA CRIANÇA PRECISA PARA APRENDER FALAR?
Oi, gente!!!
Hoje quem dá as dicas por aqui é a minha meia xará a Flávia Cardoso. Ela é Fonoaudióloga e vai contar pra gente como podemos ajudar os pequenos no processo de desenvolvimento da fala. Olha só:
O prazer de ouvir a primeira palavra do nosso filho é inesquecível! A aquisição de linguagem é uma das realizações mais notáveis dos primeiros anos de vida e o aparecimento das primeiras palavras parece ser um momento muito esperado.
Além de uma boa condição orgânica (audição normal, boa formação de palato, musculatura adequada e nenhum problema neurológico diagnosticado), há um outro fator fundamental para o desenvolvimento da linguagem.
Desde o nascimento, o bebê utiliza recursos diferentes para se comunicar. Ele é alguém que, num primeiro momento, irá manifestar seus desejos com o corpo, com os olhares, caretas e choros. Ou seja, a comunicação da criança começa muito antes dela conseguir falar.
Primeiramente, os pais/cuidadores vão “adivinhando” o que o bebê quer expressar, falando por ele e emprestando-lhe o que ele ainda não tem.
Fazemos isso toda vez que estamos ao lado de um bebê: “Ah, que fome!”, “Acho que ele gostou de você!”. Cada movimento do bebê, cada reflexo, cada choro é transformado em palavra pelo adulto.
Com o passar do tempo, o bebê vai descobrindo também que pode brincar com os sons e começa a balbuciar.
Em qualquer língua ele produz os primeiros sons de um jeito muito parecido: mmmm // pppp e, mais uma vez, entramos em cena, afirmando que essas vocalizações querem dizer “mamãe” ou “papai”.
Os pais e cuidadores precisam observar os sinais de comunicação que o bebê transmite, atribuindo-lhes significado, pois, mesmo pequeno, ele já tem algo a dizer e já supomos, então, que ali exista um sujeito falante.
Seguindo o processo do desenvolvimento, o bebê começará a descobrir novas formas de se comunicar e, conforme novas etapas do desenvolvimento vão aparecendo, por exemplo, as descobertas motoras e sensórias, a linguagem também vai se modificando.
Aos pouquinhos, o bebê começará a demonstrar interesse pelas coisas e, então, irá começar a perguntar. Nesse momento, é fundamental que exista alguém que o escute e possa responder.
Já por volta dos dois anos, a criança começa a construir frases e aparecem os “erros”. Aqui, notamos a presença de uma fala mais autônoma (menos repetição), ainda que sem o domínio das regras e convenções.
E entre os dois e três anos também surgem os breves relatos, sempre em situações de diálogo, isto é, o adulto é quem vai sustentando este processo, uma vez que a criança ainda não consegue situar um contexto pelas palavras, porque está em aquisição de linguagem.
É importante lembrar que a criança finaliza esse processo com, aproximadamente, cinco anos. Portanto, precisamos ter paciência com os comportamentos de sujeito falante que aparecerão em cada momento. Leva-se tempo para nos constituirmos como um!
Como podemos, então, estimular e potencializar o processo de aquisição de linguagem de um(a) bebê/criança?
Conversando com eles. E, isto pressupõe, situações em que um fala, outro responde; um comenta, outro pergunta; um sorri, outro também. Lembrando que existem vários tipos de linguagens e que todas podem ser utilizadas em uma conversa. E, para que ela se sustente e seja enriquecedora, é necessário que haja a entrega do adulto/cuidador nessas situações, pois o olhar do outro, a entonação e as expressões são fundamentais para um diálogo “efetivo”.
Nesse sentido, podemos afirmar que o brincar e o experimentar estão diretamente ligados à construção da linguagem e que o adulto estimula esse desenvolvimento quando se coloca e se mantém na relação de interlocução com a criança, condição esta fundamental para que ela aprenda a falar.
Até a próxima!!!
Flávia Cardoso,
Fonoaudióloga, mestre e especialista em linguagem pela PUC/SP.
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