Adoramos acreditar que filho bem criado é sinônimo de pessoa feliz e bem – educada. Às vezes, nos enganamos. Muitos filhos bem criados, apesar de terem tudo, não têm autoestima suficiente para estabelecerem relações saudáveis com o mundo.
Curiosamente, tudo o que depende da família o filho consegue ter. Quando se trata de algo que dependa exclusivamente dele, como desenvolver uma amizade na escola, essa realidade muda.
“Eu não pedi para nascer” é uma frase utilizada pelos filhos que não conhecem o valor do NÃO. Essa é uma armadilha criada para que os pais continuem lhe acostumando a receber tudo de graça. Assim, o simples fato de existirem se torna motivo essencial para os pais atenderem aos seus desejos.
A condição de ter uma vida com os pais que jamais lhe disseram NÃO dá ao filho a crença de que o mundo será assim também. Na realidade, o SIM e o NÃO convivem simultaneamente o tempo todo e se não estiver preparado para isso, qualquer frustração se tornará muito maior, por não aguentar ser contrariado.
Juntos desses filhos, vemos figuras paternas frágeis e mães hipersolícitas educando apenas para o que gera alegria e prazer.
Os filhos que desconhecem o NÃO vieram de uma sequência de educação que explica sua existência. Comumente, seus pais foram educados por avós autoritários. Desacreditados com o autoritarismos criaram o antiautoritarismo e foram para a outra ponta dele – a permissividade. Ocasionalmente, manifestam crises autoritárias, o que não educa efetivamente, mas facilita a perda de referência educativa.
Regidos pela educação do prazer, esta permissividade não gera no filho um estado de poder ou competência, necessárias para criar uma boa autoestima.
Rapidamente digeridos, a alegria e o prazer acabam e o filho vai querer outra quantidade para se sentir bem. Quando não recebem, fazem birra e tornam-se infelizes.
Este método educativo, além de distorcer a realidade do que é ser feliz, não influencia uma boa autoestima e cria uma forte dependência, pois é dela que o filho vai se alimentar para se sentir bem. O que realmente alimenta a autoestima de todos nós é a sensação de sermos amados incondicionalmente e capazes de fazermos coisas que dependam exclusivamente de nós mesmo.
A felicidade não deve ser vista como uma herança genética e sim como a capacidade que temos de conviver com as infindáveis emoções, sem se desfigurar.
Quando permitimos que o toque da vida paire sobre nós, sem tentar nos proteger de seu aparente peso, a felicidade será uma condição de vida e não um resultado de uma projeção feita em outra realidade que não a nossa.