POR QUE AS CRIANÇAS DESOBEDECEM?

Por volta dos 2 a 3 anos as crianças experimentam sua primeira grande crise de oposição – a segunda acontece na adolescência. Nesta fase, a criança se percebe como pessoa diferente dos adultos, com uma maior possibilidade de autonomia e tenta auto afirmar-se quando se opõe ou desobedece os pais.

Conhecemos essa fase como “Terrible 2” ou os “Terríveis dois anos”, porque as crianças saíram de um lugar em que interagiam pouco com o mundo e agora percebem sua capacidade de andar, pegar as coisas e falar. Essa liberdade de movimentação gera um grande desejo em querer coisas que podem e não podem. Nesse momento, nós começamos a estabelecer limites em uma intensidade muito maior do que antes, quando ela ficava apenas no berço.

Quando ela passa a receber e sentir o impacto dos primeiros “NÃOS” da vida, é natural que tenha uma reação, o que pode soar como oposição e desobediência.

Nesta idade elas experimentam a força dos seus desejos e sentem a autoridade dos pais. Passam a conhecer suas emoções e quando estão com fome, sede, sono ou cansadas também podem se opor quando não as ajudamos a identificar suas necessidades e estados emocionais.

Outras crianças quando se sentem pouco atendidas ou pouco percebidas é possível que tenham um comportamento opositor ou desobediente para chamar a atenção para elas. Como estão saindo da fase egocêntrica, ainda precisam desta sensação de ser o centro do mundo. Por isso quando os pais estão muito ocupados ou dedicam pouca atenção ao filho, mesmo quando estão juntos, a desobediência pode aparecer. Com o tempo, descobrem que se opor, brigar, chorar, fazer birra é, muitas vezes, a única ferramenta para os pais dar atenção exclusiva para elas. Como se esse comportamento pudesse dizer “eu estou aqui, dê importância para mim.”

A criança que não se sente aceita ou pertencente ao grupo, pode ter uma reação inadequada para pedir seu lugar. Quando ela sente ciúme ou inveja do irmão, primo, amigo ou outra pessoa, pode reagir da mesma forma quando descobre que assim ela consegue ser o centro da atenção.

Além disso, nossa postura em muitos momentos demonstra que exigimos o que não fazemos ou falamos com pouca firmeza.

Na verdade, a postura mais forte, questionadora, determinada ou que se nega à alguns pedidos é muito saudável porque é um momento em que existe o fortalecimento da personalidade da criança diante dos outros, das suas leis, regras e ordens.

O nosso desafio é mostrar nossa presença com qualidade e coerência, apresentando o SIM quando for possível e o NÃO quando for necessário, nas duas situações transmitindo toda a segurança que as crianças precisam para agirem de forma mais consciente.

Com amor,

Ana Flávia Fernandes

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