POR QUE NÃO BRIGAR NA FRENTE DOS FILHOS?

Às vezes o nervoso, a irritação e a canseira do dia a dia geram alguns conflitos entre pais e mães. É natural que cada um tenha uma opinião e é saudável que esse diálogo aconteça, assim abre-se espaço para que todos possam se expressar, questionar as diferenças e ampliar sua visão de uma mesma situação. Mas, é importante que a gente cuide dessa relação como parte do processo da educação dos filhos.

Ajustar qualquer situação partindo da magoa, irritação, estresse ou agressão, a tendência é que o resultado seja ruim. É como se fosse um convite para o confronto, para briga e conseqüente distanciamento do casal. Aquilo que poderia ser resolvido muito rápido e com uma conversa pontual, se transforma em algo muito difícil de solucionar.

Geralmente, isso acontece, porque ambos acreditam já terem tentado de tudo, outros porque preferem evitar o confronto e vão deixando de se posicionar até que chega um ponto em que a “panela de pressão” explode e tudo o que não foi dito até aquele momento sai de uma maneira muito ríspida ou irônica.

O resultado é catastrófico e tudo passa a ser conduzido pelo medo, seja através da violência verbal, psicológica ou física. O grito, o descontrole e desrespeito pela conversa, vão gerando cada vez mais esse distanciamento entre os pais e passam a ser a única forma como essa relação existe.

Se os confrontos chegarem a este extremo e acontecerem diante dos filhos é possível que isso gere uma confusão e insegurança nos pequenos.

Isso acontece, porque as crianças de até 5 anos vivem o egocentrismo, então, é natural que observando a briga entre os pais, imagine que a culpa seja sua, achando que fez algo de errado ou os decepcionou de alguma forma.

Independente da idade, também é possível que ela fique mais introvertida e ansiosa, pois terá medo de falar, pensando que tudo terminará em conflito.

O ponto de partida que cada um sai para conversar faz toda a diferença para conduzir qualquer situação.

Se saímos de um lugar de amor e compaixão por nós a cada novo desconforto que surge, a tendência é que a situação não chegue nesse ponto em que tenha que existir uma explosão.

Esse é o grande desafio, porque nós ficamos irritados e com raiva, ainda mais depois de já ter falado a mesma coisa 5 vezes e nada aconteceu. Então, alguém solta um grito, desperta o susto, o medo no outro e aquele pedido para tirar a toalha molhada de cima da cama, acontece.

Isso faz com que o marido, a mulher ou as crianças só funcionem nessa explosão. Ela passa a acontecer cada vez com mais freqüência, porque todos esperam pela explosão como limite do outro para fazerem alguma coisa.

Sem cuidar desse nosso limite interno com o parceiro, fica ainda mais difícil corrigir o comportamento dos filhos. Assim, a gente se distancia do encontro genuíno e deixa de conversar para gritar, de não olhar nos olhos para pegar pelo braço, passa a não combinar para exigir e ao invés de aplicar uma conseqüência, partimos para a punição do outro. E toda a referência de como se relacionar com respeito que tanto precisamos ensinar para os pequenos, acaba não sendo positiva e construtiva.

Um caminho para evitar a briga é percebermos quais os desconfortos que a irritação causa no nosso corpo. Por exemplo, mãos e pés gelados, coração quente e cabeça fervendo. Ao notar a chegada desse incômodo, avise seu marido, seu filho: “Estou ficando muito chateada porque já pedi 5 vezes para tirar a sua toalha da cama e você ainda não tirou. Não quero ter que gritar e a gente ficar chateado um com outro.”

Quando fazemos esse movimento de dizer o que estamos sentindo diante do que o outro está fazendo, mostrando que temos esse cuidado pra gente não explodir, ele começa a perceber que pode nos ajudar a cuidar disso. Pelo amor que sente por nós, passa a se importar em nos ver bem e vai querer nos ajudar com essa situação.

Cada um de nós é responsável pelo que diz e faz nas relações e por isso não podemos confundir essa parceria com o deixar a responsabilidade total na mão do outro. Será cuidando da forma como falamos e agimos que realmente sairemos da briga e teremos nossos maridos, esposas e filhos como parceiros.

Com amor,

Ana Flávia Fernandes

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